sábado, 3 de abril de 2010



Outros retrovírus, diferentes do HIV, podem infectar o ser humano, os HTLV 1 e 2 (sigla que significa vírus linfotrópicos de células T humanas). O HTLV foi o primeiro retrovírus claramente associado a uma malignidade, sendo isolado em 1980 em pacientes de Linfoma de células T (EUA), já descrito primeiramente no Japão em 1977.

O vírus responsável por provocar um tipo raro de leucemia e o desenvolvimento de doenças neurológicas degenerativas, conhecido como HTLV, pode ser diagnosticado de forma mais precisa na triagem de doadores de sangue nos hemocentros.

É transmitido de forma semelhante ao HIV, ou seja, por transfusões de sangue, relações sexuais não protegidas, da mãe para o filho (durante a gravidez, o parto ou a amamentação) e por meio do compartilhamento de seringas.

O que é HTLV?
Existem centenas de vírus que pertencem à família dos retrovírus: o HIV-1 e o HIV-2 (que causam AIDS), o SIV (de macacos), o FLV (de gatos), o BLV (de bovinos) e o HTLV-1 e HTLV-2. Todos eles pertencem à mesma família de vírus, porém causam doenças completamente diferentes.
Dentre os vírus dessa família que infectam os seres humanos, temos o HTLV 1 e 2.
Esses vírus se transmitem pelo contacto com sangue (seja por transfusão de sangue ou por injeção de drogas de abuso), pela via sexual e pela amamentação.
Diferentemente do HIV, apenas 1 a 5 % das pessoas que têm exame de sangue positivo (anticorpos anti-HTLV 1 ou 2) poderão ter alguma doença ligada a esses vírus. Os demais, 95 a 99% dos positivos, não terão qualquer doença.

Como se pode saber se uma pessoa tem infecção pelo HTLV 1 ou 2?
Os nomes dos testes são iguais àqueles usados para HIV e, parte dos problemas passa por aí. Inicialmente, faz-se o teste de ELISA, porém, o teste de ELISA é dirigido contra o HTLV. Isso é, apenas o tipo de teste é semelhante, porém, o anticorpo que ele detecta é específico para HTLV. Uma vez que a pessoa é positiva no teste de ELISA, há necessidade de se confirmar com um teste adicional. Novamente aqui, há uma coincidência de nomes e o teste confirmatório se chama Western-blot. Trata-se, entretanto, do Wetern-blot específico para HTLV e não tem nada a ver com o teste do mesmo que se aplica para HIV.
Aquelas pessoas que tiverem o Western-blot positivo e fizerem parte do pequeno grupo de 1 a 5 % daqueles que vão ficar doentes poderão ter uma forma nervosa da doença (forma neurológica) ou uma alteração no sangue (forma hematológica).
Além destes, uma pesquisa feita na Fiocruz Pernambuco testou uma técnica molecular para o diagnóstico da doença, mostrando que ela é mais sensível do que o método utilizado rotineiramente, a sorologia.
O método testado, chamado de PCR (reação em cadeia da polimerase) em tempo real, também apresenta menor risco de contaminação do que a sorologia, diferencia os tipos de vírus (1e 2) e permite que se conheça a quantidade de vírus existente no paciente, chamada tecnicamente de carga proviral.

Como saber quem ficará doente?
Há necessidade de se fazer um seguimento clínico (clínico geral, hematologista neurologista ou infectologista) por muitos anos, para se perceber alguma alteração ao exame.
Raramente uma pessoa infectada pelo HTLV (ELISA e Western-blot positivos) vai ficar doente.
O fato do exame ser aplicado em doadores de sangue, habitualmente saudáveis, revelou um certo número de pessoas (5 em cada 1000 indivíduos) que se encontra infectada, porém saudável.
É importante, entretanto, identificar essas pessoas contaminadas porque, embora possam não ser doentes, podem contaminar outras pessoas com as quais venham a ter contacto (pela via sexual, pela amamentação ou pelo compartilhamento de agulhas e seringas).
O vírus HTLV apresenta-se em dois tipos: HTLV-1 e HTLV-2. Até hoje, nenhuma doença é atribuída ao tipo 2. Os principais sintomas em um portador do vírus do tipo 1 são dores nos membros inferiores (panturrilhas), na região lombar (parte inferior da coluna lombar) e dificuldade em defecar ou urinar.
Além da mielopatia associada ao HTLV, que progressivamente leva à paralisia dos membros inferiores, uma outra parcela dos infectados pode desenvolver leucemia das células T do adulto, que, sem tratamento, leva à morte em 100% dos casos entre três e cinco meses após sua manifestação.

Como é o tratamento?
O tratamento do portador do vírus irá depender de uma avaliação médica, grau de comprometimento do paciente, tempo de evolução da doença, presença de outras infecções virais, etc.


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